Uma
cerveja antes do almoço
é
muito bom pra ficar pensando melhor”
(Nação Zumbi)
São
muitos, em nosso Circo, que tomam umazinha... Ou “bebem” para aqueles que
preferem ficar atentos aos “duplos sentidos” de algumas palavras. Coisa de
Circo Popular.
Este
mesmo que aqui escreve tem em casa, sempre, uma boa cachacinha para servir aos
visitantes ou para apreciar sozinho.
Sim,
também tenho inúmeras histórias de bebim
para contar, algumas como público, algumas como coadjuvante, outras como
protagonista.
Recentemente,
por conta das relações complementares de nosso trabalho junto a um Assentamento
Rural (o Assentamento João Batista, em Castanhal, onde desenvolvemos um projeto
de formação de jovens para atuarem no campo do lazer – crítico e criativo – em
áreas de Reforma Agrária) acompanhamos algumas partidas do time de futebol do
Assentamento na Copa Rural. Claro, levava duas latinhas de cerveja.
Ou seja,
não seremos hipócritas... Em que pese também construir minhas reflexões de
Humanidade, de Mundo e de Sociedade com a atenção devida ao processo de
embriaguês (de fato) que a classe trabalhadora é levada para “aceitar” sua condição
de explorado (deve ser a tal condição de “consumidor passivo” a qual um
Professor Doutor da UFPA se referiu), tomamos nossa cervejinha vez por outra.
E talvez
seja exatamente por isso, por não sermos hipócritas, que assistir aos caminhos
e descaminhos da Lei Geral da Copa e de seus protagonistas (Governo Federal,
FIFA, CBF e os patrocinadores em geral) vem, para nós, estabelecendo alicerces
profundos de preocupação.
Aqui,
neste pequeno picadeiro e seus populares artistas e público, com a humildade de
nosso espaço e a ousadia de nossas bandeiras, entendemos que a aprovação de uma
concessão à Lei Federal (Estatuto do Torcedor) que proíbe bebidas alcoólicas
nos Estádios de Futebol não nos causa, à bem da verdade, qualquer surpresa.
Afinal, atrocidades maiores estão sendo realizadas explicitamente em nome dos
Megaeventos Esportivos que se aproximam. Aliás, a Lei Geral da Copa abre
caminho para Lei Geral dos Jogos Olímpicos (afinal, Nuzman não é menos Rei do
que Ricardo Teixeira). O que a Copa de 2014 não conseguir garantir para 2016, o
COI e o COB irão fazer valer. Pobre Povo do Rio de Janeiro.
Mas, de
maneira estarrecedora, vinga não apenas a aprovação de uma “concessãozinha
etílica” para os tempos de Jogos de Futebol Internacional. E um passeio rápido
nos sites de notícias e a manifestação dos nossos Legisladores Federais neste
tema mostra, inclusive, a (falta de) qualidade do debate e, mais ainda, a
superficialidade da compreensão (e debate, de novo) do alcance que a Lei Geral
da Copa tem sobre o país.
Algumas
acrobacias:
Primeiro:
a Lei Geral da Copa atende a uma demanda privada. Só na questão das bebidas
alcoólicas, o que está em jogo são os patrocinadores etílicos e não etílicos da
FIFA e da CBF (e suas mega competições oficiais): Budweiser (Rei das
Cervejas...?), Coca-cola (um monstro que para se valer de sua presença compra
tudo o que vê e que pode ser concorrência – é só conferir a história do
Refrigerante Jesus, no Maranhão) e a Nescau, da Mega-imperialista Nestle. É claro
que, dessas, apenas a Budweiser fabrica cerveja e, aí, o tamanho do poder desta
relação: apenas uma patrocinadora da FIFA foi suficiente para mudar uma Lei de
Estado.
Segundo,
a Lei Geral da Copa – e essa história da venda de bebida alcoólica nos estádios
– reabre um perigoso caminho que, em terras
brasilis, sempre se fez presente (principalmente dos tempos Collor de Melo
e FHC e, lamentavelmente, nos tempos Lula e Dilma também): O Estado à
disposição do Capital. E, no caso da Copa-2014, é inquestionável que a
movimentação do esporte, da mídia, da construção civil, do transporte (público?),
do turismo etc. são valorizados apenas na perspectiva do evento que, como já
disse Eduardo Galeano, “é vento”, passa... Assim, não existe na prioridade de
se trazer um evento desta magnitude ao Brasil, o povo brasileiro e sua
qualidade de vida.
Terceiro
(e na esteira do segundo), antes mesmo da Lei Geral da Copa ser aprovada, já
testemunhamos nesta Lona, neste Picadeiro, o que vem acontecendo nas grandes
capitais e cidades brasileiras que receberam jogos da Copa do Mundo: despejos
forçados (alguns com ordens de despejo para “ontem”), elitização (e
supervalorização da especulação imobiliária) econômica de espaços urbanos e
remoção forçada e truculenta de comunidades inteiras. Tudo para abrir caminho
para o evento ser apreciado por quem, claro, pode pagar tal privilégio.
Um país,
um Estado, um Governo que não cuida de seu povo, não preserva e nem luta por
sua soberania. E o Esporte Moderno (eu, professor de Educação Física, não
deixemos de destacar) que tem suas expressões máximas (em poder) na Copa do
Mundo e nos Jogos Olímpicos, que ocuparão nosso país em 2014 e 2016 estão
provando que perdemos nossa soberania.
Isso
tudo por conta de uma cervejinha no Estádio de Futebol...
Chico
Science estava certo:
“E eu piso onde quiser/
Você está girando melhor,
garota/
Na areia onde o mar chegou/
A ciranda acabou de começar,
e ela é!/
E é praieira!!!/
Segura bem forte a mão/
E é praieira !!!/
Vou lembrando a Revolução/
Vou lembrando a Revolução/
Mas há fronteiras nos jardins
da razão”
A
campanha já havia sido lançada em “da Arquibancada” anteriores: que tenhamos a
coragem de NÃO torcer pelo Brasil na Copa do Mundo... Não por este Brasil.
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Vida
Longa!
Marcelo
“Russo” Ferreira
http://www.youtube.com/watch?v=CuNLLuPu8WU
PS.: Coisas interessantes sobre o nosso Futebol: Romário é entrevistado na Revista Caros Amigos (quem não lê a Caros Amigos, precisa ler) e Herrera diz "Não" à Globo e ao Fantástico... e ao vivo!
PS 2: importante, principalmente para aqueles que moram nas cidades-sedes da Copa, conhecer o http://comitepopularcopapoa2014.blogspot.com.br/... aliás, imprescindível!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira